Fisiologia - MIOSTATINA E RESULTADO DA SUA INIBIÇÃO

Cientista explica a mutação genética que leva ao desenvolvimento muscular anormal em seres humanos e animais.








A inibição da produção de miostatina pode estimular o crescimento dos músculos, mas também pode trazer problemas cardíacos

São Paulo – Um bebê capaz de ficar em pé dois dias depois de nascer; um garotinho que, antes dos 5 anos, aguentava halteres de 3 kg com o braço esticado – esses são os dois únicos casos registrados em humanos de uma mutação famosa por dobrar ou até mesmo triplicar a massa muscular também em vacas, ratos, ovelhas e cachorros.

A mutação que dá músculos super definidos e, muitas vezes, uma agilidade superior a quem a possui ocorre no gene responsável pela produção da proteína miostatina (MSTN), que inibe o crescimento muscular. Na sua ausência, os músculos podem crescer muito mais. “A relação entre ganho muscular e as mutações do chamado gene MSTN é conhecida desde 1997, mas a relação direta entre a força e a mutação só ficou clara um pouco depois, com a descoberta de humanos e cachorros que a apresentavam”, explica a Dra. Anneleen Stinckens, da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica.

No mês passado, ela e seus colegas publicaram uma extensa revisão das informações sobre as mutações do gene. Eles avaliaram os casos encontrados em humanos e também as pesquisas feitas em peixes que, modificados, passaram a ter até 45% mais músculos. Nest a entrevista, a Dra. Anneleen explica um pouco mais sobre a curiosa mutação, os casos encontrados em humanos e os possíveis usos ou riscos associados a ela.

Como essa mutação afeta o organismo?

Anneleen – Apesar de muitas proteínas terem papel na estimulação do desenvolvimento da massa muscular, somente a miostatina tem papel inibidor. Assim, a ausência ou diminuição dessa proteína devido às mutações no gene tem um efeito direto na massa muscular.

Em quantas espécies essa mutação já foi observada?

Anneleen – Em bovinos, ratos, humanos, ovelhas e cachorros ela ocorre naturalmente. Em peixes, embora nunca tenhamos visto uma ocorrer na natureza, é possível induzi-la. Peixes transgênicos já foram criados para servir de modelo para pesquisas.

Liam Hoekstra, uma criança com menos 10kgs e 3 anos idade, Liam "sofre" uma condição rara e genética chamada miostatina hipertrofia muscular, que provoca o seu corpo para bloquear a produção de miostatina, dá como resultado de massa muscular em mais de 40% , e aparentemente não tem efeitos negativos sobre coração ou outros órgãos. O filho de Roosevelt Park tem os atributos físicos que a maioria dos atletas e bodybuilders sonham.

E os casos em humanos?

Anneleen – Só conseguimos achar informações sobre dois garotos com a deficiência na proteína. O primeiro, um alemão, tinha músculos protuberantes nas coxas e bíceps logo que nasceu. Antes dos cinco anos, ele podia segurar mais de três quilos com os braços estendidos. Seus músculos são o dobro do tamanho dos de outras crianças de sua idade e ele possui apenas metade da gordura corporal. Sua mãe era relativamente musculosa, já seu tio e três outros parentes próximos homens eram também incomumente fortes.


“Nas ultimas décadas foi verificado que algumas raças de gado tinham uma mutação no gene da Miostatina, de modo que se formava uma proteína não funcional, o que demonstrou que a Miostatina inibia o crescimento da musculatura esquelética, e a principal característica destes animais detentores desta mutação, era o crescimento exacerbado dos músculos, fenômeno chamado “double muscling”. Há pouco tempo foi encontrado o caso de uma criança alemã extremamente musculosa que possuía uma dose dupla de uma mutação que inativa a Miostatina, esta criança apresentava fenótipo semelhante ao “double muscling”.
Foi constatado por manipulação genética feita com camundongos transgênicos, que quando ocorre uma deficiência de Miostatina ocorre um drástico e generalizado aumento de massa muscular esquelética, principalmente devido a um número maior de fibras musculares livres de gorduras, chegando a ter um aumento em volume cerca de 2 a 3 vezes mais que camundongos selvagens.
Resultados recentes mostram que em nosso organismo está presente também o inibidor o da Miostatina que é conhecido como folistatina. Embora a folistatina pareça ser um potente inibidor da atividade da mesma, ela também funciona como inibidor de actinina. Actininas estão envolvidas em múltiplas funções em diversos órgãos, pelo seu bloqueio a folistatina iria afetar múltiplos tecidos, como os lisos e o cardíaco e não apenas o músculo esquelético.
Quanto ao uso da Miostatina nos esportes, a divulgação desta proteína trouxe diversas reações em diferentes segmentos na área da saúde, os atletas amadores e profissionais notaram a possibilidade de usar os bloqueadores da mesma para extrapolar o desempenho nos exercícios e a responsabilidade do treinamento atingindo o máximo da capacidade humana.
O efeito do treinamento de força sobre a expressão da Miostatina foi testado por biópsia muscular do músculo vasto lateral as quais, foram tomadas em repouso uma hora antes, uma hora depois e 48 horas após cinco sessões de 10 repetições no leg press, tanto antes como após 21 semanas de treinamento de força supervisionado, em duas situações: indivíduos não treinados (pré-treino) e indivíduos treinados (pós-treino).
No inicio dos treinamentos (indivíduos não treinados), as 3 biópsias examinadas não apresentaram nenhuma mudança no conteúdo de RNAm da Miostatina, porém, posteriormente 21 semanas de treino (indivíduos treinados), ocorreu uma diminuição no conteúdo de RNAm de Miostatina após uma hora, e esta diminuição foi ainda maior após 48 horas do término da sessão de treino, sinalizando que o treinamento teve efeito e indicando que quanto menor expressão da Miostatina, maior o crescimento muscular.
Com o avanço dos conhecimentos terapêuticos a Miostatina parece ser uma representante em potencial da terapia genética, auxiliando no tratamento efetivo para diversas condições patológicas, como o HIV, sarcopenia, câncer (caquexia), distrofia muscular, entre outros. “

Informação geral:

A Miostatina é uma proteína presente no músculo esquelético tanto no período embrionário quanto na idade adulta. Esta proteína, também é conhecida como GDF-8 (Growth and differentiation factor 8) e é uma membro da família das supercitocinas do fator de crescimento transformador TGF-β, (Transforming growth factor-beta). Sua ação consiste em regular a proliferação dos mioblastos durante o período embrionário e ajustar o crescimento da musculatura esquelética em humanos e animais, durante e após o período embrionário.(1-2) Esta regulação se dá através de uma interação com o receptor Activina IIB pela junção da miostatina com um propeptídeo.(3-4-5). (repost do dia 22/01/2010)

A função da Miostatina é limitar o crescimento muscular, mantendo quiescentes as células satélites. Apartir do momento que o músculo sofre uma microlesão estas células satélites, migram para substituir as células lesionadas. Sem a Miostatina, o freio que atua sobre as células satélites poderia ser eliminado e as células musculares proliferariam.

Nas ultimas décadas foi verificado que algumas raças de gado tinham uma mutação no gene da Miostatina, de modo que se formava uma proteína não funcional, o que demonstrou que a Miostatina inibia o crescimento da musculatura esquelética, e a principal características destes animais detentores desta mutação, era o crescimento exacerbado dos músculos, fenômeno chamado “double muscling” . Há pouco tempo foi encontrado o caso de uma criança alemã extremamente musculosa que possuía uma dose dupla de uma mutação que inativa a Miostatina, esta criança apresentava fenótipo semelhante ao “double muscling”.

Foi constatado por manipulação genética feita com camundongos transgênicos, que quando ocorre uma deficiência de Miostatina ocorre um drástico e generalizado aumento de massa muscular esquelética, principalmente devido a um número maior de fibras musculares livres de gorduras, chegando a ter um aumento em volume cerca de 2 a 3 vezes mais que camundongos selvagens.

Resultados recentes mostram que em nosso organismo está presente também o inibidor o da Miostatina que é conhecido como folistatina. Embora a folistatina pareça ser um potente inibidor da atividade da mesma, ela também funciona como inibidor de actinina. Actininas estão envolvidas em múltiplas funções em diversos órgãos, pelo seu bloqueio a folistatina iria afetar múltiplos tecidos, como os lisos e o cardíaco e não apenas o músculo esquelético.

Quanto ao uso da Miostatina nos esportes, a divulgação desta proteína trouxe diversas reações em diferentes segmentos na área da saúde, os atletas amadores e profissionais notaram a possibilidade de usar os bloqueadores da mesma para extrapolar o desempenho nos exercícios e a responsividade ao treinamento atingindo o máximo da capacidade humana.

O efeito do treinamento de força sobre a expressão da Miostatina foi testada por biópsia muscular do músculo vasto lateral as quais, foram tomadas em repouso uma hora antes, uma hora depois e 48 horas após cinco sessões de 10 repetições no leg press, tanto antes como após 21 semanas de treinamento de força supervisionado, em duas situações: indivíduos não treinados (pré-treino) e indivíduos treinados (pós-treino).

No inicio dos treinamentos (indivíduos não treinados), as 3 biópsias examinadas não apresentaram nenhuma mudança no conteúdo de RNAm da Miostatina, porém, posteriormente 21 semanas de treino (indivíduos treinados), ocorreu uma diminuição no conteúdo de RNAm de Miostatina após uma hora, e esta diminuição foi ainda maior após 48 horas do término da sessão de treino, sinalizando que o treinamento teve efeito e indicando que quanto menor expressão da Miostatina, maior o crescimento muscular.

Com o avanço dos conhecimentos terapêuticos a Miostatina parece ser uma representante em potencial da terapia genética, auxiliando no tratamento efetivo para diversas condições patológicas, como o HIV, sarcopenia, câncer (caquexia), distrofia muscular, entre outros.

A literatura ainda é carente a respeito dos fatores que envolvem a Miostatina, porém os estudos existentes indicam que o treinamento contra resistência pode atenuar a mesma, e o desenvolvimento de medicamentos podem vir a auxiliar no aumento de massa magra e força em casos patológicos e ainda servir como recurso para atletas que buscam extrapolar os limites do corpo.

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